Ao longo da vida podemos ser rotulados e estigmatizados por diversos adjetivos.
Foi o de “ TROUXA ” que mais me marcou em alguns momentos de minha vida.
Recentemente, tive o prazer de ler um artigo do grande Roberto Shinyahiki que contou que certa vez seu filho lhe confidenciou que havia feito um trabalho da escola sobre a Índia, e seus colegas pediram para assinar o trabalho e assim todos teriam a mesma nota. Seu filho perguntou:
– Você acha que sou trouxa?”
A resposta do Mestre Roberto ao seu filho foi:
- Filho seja o trouxa, pois se ao longo da sua vida alguém perguntar sobre a Índia, nenhum de seus colegas de escola saberão responder, no entanto você que se dedicou a tarefa saberá sobre tal país.
Então, refleti sobre vários momentos da minha vida em que fui chamado de trouxa. Uma dessas vezes foi quando trabalhava na Industria Villares em Interlagos, tinha de descer de ônibus fretado na marginal Tietê e caminhar por alguns quilômetros até chegar no cursinho na Praça da luz, próximo da Fatec em São Paulo.
Na época eu tinha mais dois amigos que trabalhavam e estudavam comigo e também faziam o mesmo trajeto.
Neste trajeto nos deparávamos com inúmeras tentações, como garotas bonitas e “super simpáticas”, bares convidativos com suas mesas cheias de cerveja e pessoas felizes, entre outras diversões menos ortodoxas.
Várias vezes meus amigos cediam às tentações e eu era chamado de trouxa e outros apelidos pejorativos, pois me negava a ir com eles para a farra. Porém, meu objetivo era muito claro: Entrar na faculdade.
No final do ano, prestei o vestibular e entrei em duas faculdades de engenharia. Meus então “amigos” não entraram em nenhuma e reclamaram da própria sorte, pois tiveram que refazer o cursinho no ano seguinte.
Mais tarde, quando fiz meu MBA de Marketing na ESPM São Paulo, no primeiro semestre meu grupo não estava tão comprometido com o objetivo do curso.
Então, mais uma vez eu era o trouxa, pois fazia os trabalhos no final de semana e os espertos do meu grupo pediam para assinar os trabalhos. Após alguns meses tomei a decisão de montar um outro grupo com pessoas realmente interessadas em ter uma boa formação.
Um grupo só de trouxas! Fizemos o melhor trabalho de conclusão do curso de toda faculdade dos últimos anos e no final do curso eu, “o trouxa”, fui convidado para ser o responsável por marketing de serviços da HP para América Latina.
Quantas pessoas tem inúmeras formações somente no título? Com suas assinaturas em vários trabalhos, mas suas cabeças vazias, pois nada construíram de fato.
Será que o diploma, assim conseguido, fará alguma diferença em sua vida?
Os espertos querem recompensa imediata e vão pagar caro por sua incapacidade de plantar para colher.
Trouxa ou esperto? Você escolhe como e onde quer chegar
1 Comentário
Estas coisas também já aconteceram comigo. Parece que quanto mais somos comprometidos com nossos objetivos, mais trouxas somos. Melhor para nós. parabéns pelo texto. Abraços.