Trabalhei durante 45 anos até atingir meu objetivo de vida que era,  aos 60 anos de idade, me dedicar a um projeto com um propósito de vida, que é ajudar as pessoas seniores a terem qualidade de vida, antes ou depois de aposentadas.

Nos último anos, me preparando financeiramente para conseguir um complemento de renda que me permitisse ter uma vida digna, me deparei com várias pessoas na faixa dos 50/60 anos de idade que já tem um capital necessário para viver  uma vida simples,  mas com qualidade, que poderiam aproveitar um pouco mais a vida, enquanto tem saúde,  mas continuam se estressando para conseguir cada vez mais dinheiro. 

É o desejo inconsequente da riqueza financeira, sem limites.

Ai me lembrei da fábula árabe que retrata justamente essas pessoas, que fazem parte do Clube 99.

Segue o texto completo, para vocês refletirem.

                                   Fábula Árabe: Clube 99

Era uma vez um rei muito rico. Tinha tudo. Dinheiro, poder, conforto, centenas  de súditos. Mas, ainda assim não era feliz.

Um dia, cruzou com um de seus criados, que assobiava alegremente enquanto esfregava o chão com uma vassoura.

O rei ficou intrigado.

Como ele, um soberano supremo do reino, poderia andar tão cabisbaixo enquanto um humilde servente parecia desfrutar de tanto prazer?

– “Por que você está tão feliz?”, perguntou o rei.

– “Majestade, sou apenas um serviçal. Não necessito muito. Tenho um teto para abrigar minha família e uma comida quente para aquecer nossas barrigas”.

O rei não conseguia entender. Chamou então o conselheiro do reino, a pessoa em que mais confiava.

– “Majestade, creio que o servente não faça parte do Clube 99.

– “Clube 99? Mas, o que é isso?”

– “Majestade, para compreender o que é o Clube 99, ordene que seja deixado um saco com 99 moedas de ouro na porta da casa do servente”.

E assim foi feito.

Quando o pobre criado encontrou o saco de moedas na sua porta, ficou radiante. Não podia acreditar em tamanha sorte. Nem em sonhos tinha visto tanto dinheiro.

Esparramou as moedas na mesa e começou a contá-las.

-“…96, 97,  98… 99.”

Achou estranho ter 99. Achou que talvez tivessem derrubado uma.

Provavelmente eram 100. Mas, por mais que procurasse, não encontrou nada. Eram 99 mesmo.

De repente, por algum motivo, aquela moeda que faltava ganhou uma súbita importância.

Com apenas mais uma moeda de ouro, uma só, ele completaria 100. Um número de 3 dígitos! Uma fortuna de verdade.

Ficou então obcecado por completar seu recente patrimônio com a moeda que faltava.

Decidiu que faria o que fosse preciso para conseguir mais uma moeda de ouro. Trabalharia dia e noite. Afinal, estava muito perto de ter uma fortuna de 100 moedas de ouro.

Ele seria um homem rico, com 100 moedas de ouro.

E, daquele dia em diante, a vida do servente mudou.

Passava o tempo todo pensando em como ganhar uma moeda de ouro.

Estava sempre cansado e resmungando pelos cantos. Tinha pouca paciência com a família que não entendia o que era preciso para conseguir a centésima moeda de ouro.

Parou de assobiar enquanto varria o chão.

O rei, percebendo essa mudança súbita de comportamento, chamou seu conselheiro.

– “Majestade, agora o servente faz, oficialmente, parte do Clube 99.

E continuou:

– “O Clube 99 é formado por pessoas que têm o suficiente para serem felizes, mas mesmo assim não estão satisfeitas”.

“Estão constantemente correndo atrás dessa moeda que lhes falta. Vivem repetindo que se tiverem apenas essa última e pequena coisa que lhes falta, aí sim poderão ser felizes de verdade”.

“Majestade, na realidade é preciso muito pouco para ser feliz. Porém, no momento em que ganhamos algo maior ou melhor, imediatamente surge a sensação de que poderíamos ter mais”.

“Passamos a acreditar que, com um pouco mais, haveria de fato, uma grande mudança. E ficamos em busca de um pouco mais. Só um pouco mais”.

“Perdemos o sono, nossa alegria, nossa paz e machucamos as pessoas que estão a nossa volta”.

“O pouco mais, sempre vira… um pouco mais”.

“Esse pouco mais é o preço do nosso desejo.”

E concluiu:

– “Isso, majestade… é o Clube dos 99.

Autor: Autor desconhecido

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