Eu tive a oportunidade de trabalhar com o Marcos Esteves e sempre foi um profissional exemplar. Muito dedicado nos longos anos que trabalhou e sempre foi muito gentil e focado nas suas atribuições. Com certeza, foi uma carreira brilhante.
O Marcos, assim como eu, também se preparou para este momento de transição da vida corporativa para a vida de aposentado, não aquele aposentado de pijama, lendo jornal na praça, sem objetivo e sonhos, mas um aposentado moderno que vê neste momento a oportunidade única de fazer coisas quase impossíveis nos longos anos trabalhando.
Na última interação que tive com o Marcos num jantar de celebração dos funcionários e ex-funcionários, na conversa perguntei sobre seu momento de vida e de que forma estava saboreando sua aposentadoria. Ele me confidenciou que era um colecionador, que já tinha esse hobby mas agora estava mais engajado pois tinha mais tempo para se dedicar a esta paixão.
Desta forma, convidei o Marcos para compartilhar esse novo momento da sua vida e sobre o seu hobby.
Segue a entrevista:
Marcos, por favor, compartilhe como foi sua transição?
Primeiramente vou escrever de uma forma resumida as razões de eu ter decidido parar de trabalhar aos 61 anos, e ainda com energia para continuar por mais uns 3 ou 4 anos. Foi uma decisão programada e já em gestação por alguns anos, onde eu poderia ter tempo para me dedicar a atividades que foram relegadas ao longo do tempo e que estavam me angustiando cada vez mais.
Nada a ver com as pressões da vida corporativa, pois depois de 40 anos trabalhando na área de TI, essas situações já fazem parte do cotidiano e nos acostumamos a elas.
O que me incentivava a parar de trabalhar eram as seguintes razões :
A) possibilidade de me dedicar a minha família integralmente (não somente esposa e filha), pode parecer um clichê, mas eu sentia necessidade de voltar a ter relacionamentos com pessoas que a muitos anos não via e que no passado fizeram parte de meu dia-a-dia (primos, tios(as), amigos antigos) ;
B) dedicar tempo a meus hobbies. Sempre gostei de colecionar coisas, mas nunca tive tempo de organizar, ler e documentar essas atividades. Coleciono selos, moedas, rótulos de cervejas, artigos e jornais do meu time de coração, DVDs de shows musicais que necessitam ser catalogados e organizados;
C) viajar quando houvesse interesse e não ficar restrito a períodos de férias, cada vez mais restritos e sem se desligar totalmente dos serviços que ficaram para trás ;
D) ir a eventos externos, como shows de música, Olimpíadas, Copa do Mundo, competições esportivas, onde estivessem ocorrendo. Sempre tive vontade de fazer isso, mas acordando às 5:30 hs da manhã e dormindo não antes das 23:00 hs, não havia possibilidades de atender esses desejos.
Hoje, passados 2 anos dessa decisão, tenho convicção de que tomei a decisão correta e o que já fiz nesse período foi muito mais do que esperava em meus sonhos.
Agora a minha agenda sou eu quem faço e a melhor frase que resume esse período que vivo, foi de minha filha, que um dia me disse : “eu não sabia que você era tão legal”.
1 – Quando começou a praticar seu hobby preferido e por quê?
A primeira coleção foi a de selos, quando tinha uns 7 ou 8 anos de idade. Eu nasci e vivi em Santos até os 17 anos, meu pai trabalhava em uma firma que fazia exportações e a vida dele era no porto. Ele tinha um amigo que era marinheiro e ficava fora da cidade cerca de 6 meses em viagens pelo mundo. Ele começou a trazer selos para mim de vários lugares e esse foi o início da coleção. A coleção já teve altos e baixos, ficou ativa durante anos, depois parei de juntar selos e a uns 5 anos voltei a me dedicar outra vez. Tenho cerca de 5.000 selos e estou no processo de catalogá-los e isso demanda muito tempo.
2 – O que você sentiu, e sente, quando pratica este hobby?
É como se estivesse em outro mundo, um local meu, me recordo de quando comecei a colecionar e hoje com a evolução da Internet, cada selo pode contar passagens relevantes e históricas do mundo.
3 – Qual o sentido que isso traz à sua paz mental, emocional, espiritual?
A partir da coleção de selos, comecei a colecionar outras coisas, como moedas, rótulos de cerveja, folhetos, ingressos, etc de shows musicais, e cada vez que me dedico a cada uma dessas coleções me sinto muito bem e posso dizer que me rejuvenesço.
4 – Quantas vezes você pratica por semana/mês ? Quando se vê impedido de praticar, qual o efeito ao seu equilíbrio emocional, à sua mente ou corpo?
Uma decisão que tomei ao me aposentar, foi de não ter mais horários rígidos para nada, portanto não transformo meus hobbies em obrigação. Isso não é como uma reunião corporativa semanal para prestar contas do que andamos fazendo. Quando sinto vontade, pego as coleções, leio sobre filatelia, e fico nessa atividade quanto tempo eu achar que é necessário.
5 – Você se sente diferente – na concepção de sua estrutura emocional – quando o pratica?
Em quê? Como? Em que intensidade?
Como já comentado, me sinto muito bem emocionalmente e hoje posso dizer que sou muito mais tranquilo do que era no trabalho. Não sei se só os hobbies são responsáveis por isso.
6 – Já teve outros hobbies ? Parou ou diminuiu o foco para se dedicar a este que pratica hoje.
Compartilho meu tempo com todos os hobbies que tenho. Há momentos em que me dedico mais aos selos, outros aos documentos do meu time de futebol e assim vou caminhando.
7 – Como sabe nosso publico é mais sênior e desta forma, solicito que nos dê algumas dicas para quem pretende começar com a prática deste hobby hoje, isto é, começando com baixo custo e ir investindo aos poucos.
Vou comentar sobre os selos, mas creio que serve para qualquer uma das outras coleções. Creio que é interessante ler sobre o assunto, conhecer um pouco mais sobre as formas de coleção, por exemplo, podemos colecionar selos por países, por temas (esportes, medicina, olimpíadas) entre outros. A partir desse ponto, se pode definir o quanto vai ser investido por mês no hobby.
Colecionar não creio que se aprende, eu acho que tem pessoas que gostam desse tipo de atividade e outras odeiam. Cada pessoa tem que encontrar um hobby específico e se dedicar a ele.
8 – Em que locais recomenda a compra dos produtos e/ou serviços como cursos, eventos, etc?
Não estou atualizado que locais poderiam ter produtos, cursos sobre o tema. Mas nada que uma pesquisa na Internet indique esses locais, inclusive com indicação da qualidade oferecida.
10 – Existe algum clube, grupo, etc, que pode se engajar para fazer as atividades em conjunto?
Eu nunca me associei a nenhum grupo, faço as coleções por minha conta, lembro que no passado eu me correspondia com pessoas em outros países para receber os selos em cartões postais e/ou cartas.
Sobre mim:
Marcos Vinicius Esteves, engenheiro eletrônico aposentado, 63 anos, natural de Santos/SP, casado, e tenho uma filha que já tem sua vida profissional definida, é médica infectologista. Morei cerca de 40 anos em São Paulo, no período em que trabalhei na Unisys e agora retornei à minha cidade natal onde vivo desde final de 2015.
Meu email para eventual contato é o mvesteves@uol.com.br.
6 Comentários
MARCIO AMORIM.Colher de pau Sabe caro amigo, e eu fiquei um tempao sem querer entrar e dar pitaco no assunto. É que às vezes sou interpretado de maneira diferente do que pensei no momento e isto tem dado discussões desgastantes com alguns daqui da página. Quando é com Barata,Jorjao ,Claytinho, entro quase que de sola, pois sei que não terá mal entendido e quando houver, eles saberão digerir e não dá “briga, para não ser injusto, ha também o Renato César e o Regi. Mas foi bom saber que vc. nao se importou com o pitaco. Se curti música, pode falar nos bons compositores, tenho sempre uma boa historia deste pessoal para contar, afinal, uma das poucas vantagens de ser velho cara, é colecionar historia , concorda.?
Além disso, não tem emprego, os salários são uma merda, e é a maior taxa de emigrantes per capita da União européia, se não me engano. É um país de retiro de aposentados e rentistas, além de um certo turismo. Indústria fraca, agricultura declinante. Os governos socialistas e social-democratas afundaram o país na crise de 2010, gastando horrores desde a redemocratização de 75, a la Grécia: crédito farto (se aproveitando da confiabilidade do Euro, principalmente), torrando dinheiro público, alta proporção de funcionários públicos, etc etc. Aí a Alemanha salvou na crise, emprestou uns 80 bi, Portugal aceitou o pacote de medidas restritivas de gastos e começou a melhorar a partir de 2014. Mas o destino de Portugal é mesmo ser um retiro de aposentados. taxa de fertilidade na casa de 1,2 filhos/mulher, acho que é a mais baixa do mundo
Só o episódio do Berzoini,quando Ministro da Previdência, ter suspendido o pagamento dos aposentados com mais de 90 anos até que provassem que estavam vivos, já mostrou o pensamento dessa gente virtuosa” a respeito de aposentados. Os aposentados não são unidades produtivas”, e, pior, muitos deles não votam mais, por conta da fragilidade decorrente da idade. Então por que se preocupar com eles? Os números do artigo foram tão contundentes que nenhum dos arautos petistas de plantão se apresentou até agora para defender a honra do pseudo-messias fundador do Brasil Grande onde todo mundo era rico.
Só o episódio do Berzoini,quando Ministro da Previdência, ter suspendido o pagamento dos aposentados com mais de 90 anos até que provassem que estavam vivos, já mostrou o pensamento dessa gente virtuosa” a respeito de aposentados. Os aposentados não são unidades produtivas”, e, pior, muitos deles não votam mais, por conta da fragilidade decorrente da idade. Então por que se preocupar com eles? Os números do artigo foram tão contundentes que nenhum dos arautos petistas de plantão se apresentou até agora para defender a honra do pseudo-messias fundador do Brasil Grande onde todo mundo era rico.
Excelente texto e que me faz refletir e colocar em prática alguns projetos que tb renunciei devido ao tempo que me dediquei ao trabalho. Sou muito grato a Deus pelo privilégio de trabalhar na equipe do M.Esteves por 15 anos.
Marcos é um líder exemplar. Tive a honra de ser seu subordinado e é com o merecimento do que construiu profissionalmente que desfruta deste momento da vida em harmonia e vitalidade.