Ontem, 19/09/2018, estava fazendo esta caminhada da foto da capa, no deserto do Atacama no Chile, e pensei na vida de muitas pessoas, sim talvez você que esteja lendo isso agora, que leva a vida como se tivesse numa viagem de trem, indo do ponto A para o ponto B.

Vou fazer uma analogia de um passeio de trem ou de moto, saindo do ponto A para o ponto B.

Para quem vive a vida passeando de trem, tudo que sabe da vida e do mundo é o que vê pela janela do vagão. Você nem sente a brisa e o aroma do ar, pois as janelas estão fechadas para sua segurança. Você não sabe se lá fora está frio ou quente,  afinal você está numa temperatura controlada. Não conhece outros sabores, além daqueles do restaurante do trem.  Não conhece outras pessoas além daquelas que sentam ao seu lado. Enfim, a sua grande aventura é seguir o caminho dos trilhos demarcados. Uma vida vazia e sem emoção.

Para os que vivem a vida passeando de moto, quase nunca vão do ponto A ao ponto B em linha reta, o caminho é mais legal quando rotas alternativas e mais interessantes (nem sempre )  são aproveitadas. Talvez vamos demorar mais para chegar ao destino final, mas com certeza nossas histórias serão ricas e únicas.

Geralmente quando viajamos de moto, vamos em turma. Amigos, parceiros, colegas, conhecidos, etc que farão parte dessa história que vamos construir. A vida compartilhada é mais prazeirosa.

Como na vida real, queremos sentir o aroma ( bom ou ruim ), queremos sentir a brisa fria das manhãs. O sol batendo na cara. O calor do dia e o gelado do vento. Pode até chover e por nós é vida que segue, nos protegemos, pois aproveitar a vida é viver também superando riscos, pois quem não se arrisca não cresce e evolui.

Quando viajamos de moto, passamos por novos caminhos, e descobrimos novas possibilidades, encontramos novos restaurantes, aqueles escondidos no meio do nada e novos sabores de comidas e bebidas são experimentados.

Não estou encorajando-o a andar de moto para sentir tudo isso, eu estou sim encorajando-o a refletir sobre sua vida para viver ela como um passeio de moto e não de trem.

O seu livro da vida precisa ter histórias novas, aventuras, emoções, riscos, drama, amor, etc.

Tenho vários amigos e conhecidos que têm condições financeiras de parar de trabalhar e se dedicar a alguma coisa que gosta. Mas é refém do luxo e da ganância. Só sabem passear de trem. Sabe aquele cara que tem a casa na praia para ir todos os fins de semana, sim, é o famoso passeio de trem. O carro já vai sozinho todos os fins de semana para o mesmo trilho.

Uma vez estava com um grupo de amigos estacionando as motos num local badalado no interior de São Paulo quando uma senhora por volta de 70 anos, parou com seu esposo ao lado das motos e disse para ele:

  • É isso que quero para minha vida. Eu quero a emoção destes rapazes. Você insiste naqueles passeios sem graça.

*** Ela está cheia de sua vida monótona. Ela quer sentir novos prazeres.

Ontem, nos meus quase 61 anos, me superei por caminhar 2 horas no meio do deserto e agradeci a Deus por ter parado de trabalhar no momento certo.

Seria um frustrado se tivesse a oportunidade de fazer um “trekking” (caminhada) mais pesada e ter percebido que havia esperado muito tempo, trabalhando sem necessidade, e agora já é tarde demais,  pois não tenho saúde e capacidade física de desfrutar de algumas aventuras.

Mas não espere muito. Caso contrário será um frustrado descendo do trem, como tantos outros.

Me perdoe mas vou ter que parar de escrever, pois quero ver o pôr do sol aqui no deserto do Atacama. Se tivesse no trem, eu não poderia descer para ver o pôr do sol, tinha que seguir o trilho.

A missão do MAIS 50 é sensibilizar a geração sênior a viver a vida,  enquanto há tempo.

Autor

Escreva um comentário